23 de novembro de 2009

post scriptum


jum nakao


alexandre herchcovitch

Prá próxima sessão o tema será a Crónica do Imperador Clarimundo.
É um velho e inabalável tema no hit parade da família.
Só para aguçar o apetite, imaginem que é um livro portugês do início do século XVI que finge ser traduzido do húngaro. Nada mais, nada menos do que do húngaro, meus amigos, que é uma das línguas mais complicadas do mundo. Nem sequer é indo-europeia, é uma língua urálica. Ou seja, o português está mais perto do persa antigo do que do húngaro moderno. Só para dar um exemplo, o húngaro não tem género gramatical, é uma espécie de língua transgender o que dá logo azo a grande confusão, como calculam. Por que raio, alguém, em Portugal, foi fingir que traduzia um livro de uma língua que ninguém falava no seu país, num tempo em que não havia dicionários nem gramáticas é logo um manancial de possibilidades narrativas. Embora, pensando melhor, a escolha não seja descabida, porque, como ninguém sabia húngaro, também ninguém ia reclamar da suposta tradução. Como a vida era simples nesses tempos de baixa espionagem literária!...
Those were the days...

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