28 de agosto de 2011

deslinguística aplicada


jacques-henri lartigue

Desde que me lembro de mim, pronuncio o “r” como uvular discordante.

Não sei onde teria começado a ouvir tal coisa, sei que meus pais sorriam de mo ouvirem pronunciar assim, não tão rígidos quanto muitos que me rodeavam e o apontavam como um defeito da fala, todos se interrogando de onde teria eu ido desencantar tal realização tão dissonante.

Na verdade à minha volta, que me lembre, ninguém pronunciava um “r” tão arrogantemente uvular como o meu .

Também não sei por que mo corrigiam. E em vão.

Passei a infância a uvular o “r” sem cedências a quem me tentava inculcar os bons costumes e a moderação do “r” alveolar bem enroladinho e redondo.

Nessa época, no Viseu da classe média, não eram reconhecidas as variantes livres. Nenhuma variante livre do que quer que fosse.


1 comentário:

Anónimo disse...

Vivam as variantes livres de tudo!!