O post anterior era para aquecimento.
O que verdadeiramente vos queria dizer foi a última coisa que vi ontem e uma das primeiras de hoje.
Ontem, ao zappar e ao zarpar para o leito, apanhei uns farrapos do célebre Living with Michael Jackson, documentário/entrevista de 2003 do jornalista britânico Martin Bashir apontado como tão implacável que tem sido acusado de ter matado o cantor.
Já não me lembrava da passagem que revi ontem e com ela me calo sobre essa estranha forma de vida.
Depois de vermos o cantor comprar 80% do conteúdo de uma loja de mobiliário e de objectos de decoração, qual deles o mais provocador de pesadelos até à quinta geração, Martin Bashin consegue que Jackson fale sobre o nascimento dos filhos. E é aterrador o que ele diz. Quando nasceu o primeiro, Prince, esteve cinco horas à espera que lho devolvessem, depois de ter assistido ao parto, porque a criança tinha a cabeça muito grande e esteve sob observação e sujeita a exames médicos. Finda a espera, ele, pai, pegou no bebé e levou-o para casa. Assim, bora lá que se faz tarde e o resto não interessa nada.
Quando nasceu o segundo, Paris, a menina, Jackson cortou o cordão umbilical e saiu de imediato para casa com a placenta ainda a envolvê-la! Nem no curral de Belém, se devem ter desrespeitado tantas regras de saúde pública! Diz MJ, perante o espanto de Bashir, que fez tudo isto com a permissão dos médicos e com plena concordância da mãe, Debbie, porque todos sabiam que ele estava muito impaciente. Confirma que a mãe ficou no hospital e quando questionado sobre o assunto, responde impávido que “não sabe tecnicamente quanto tempo a mãe viu a filha depois de nascer!” Tecnicamente não sabe. Tecnicamente este homem casou com uma incubadora – o que também não é único no mundo.
Tecnicamente as crianças em Los Angeles estão menos protegidas do que na nossas maternidades mais decrépitas.
Curiosamente, vejo de manhã no caminho para o trabalho, junto ao meu centro de saúde, um outdoor anunciando a Semana do Aleitamento Materno. E pensei: ora aí está algo tão básico e que, no entanto, os filhos de Michael Jackson desconhecem. Além de serem pendurados à janela e só saírem à rua de máscara, não tiveram direito à maminha da mamã. Agora, só se se inscreverem como congressistas na Semana do Aleitamento Materno. E só para sessões teóricas. Mesmo para as teórico-práticas, suponho que seja tarde demais.
Donde se vê que o nosso Serviço Nacional de Saúde bate aos pontos MJ e toda a sua fortuna paranóica.
O meu filho tem razão: ele já estava mais parecido com o Tutankamon do que ele mesmo julgava.
E repararam que a filha, Paris, já pode tirar os véus agora que o pai morreu?
Mas isso acontece a muitos mais por esse mundo fora. E nas melhores famílias.
Era só isto que eu queria dizer:
— devemos estimar o nosso Serviço Nacional de Saúde;
— Michael Jackson era incompatível com o SNS. Com o nosso ou com qualquer um outro.
Já sei que esta estação é parva.
Es lo que hay.
O que verdadeiramente vos queria dizer foi a última coisa que vi ontem e uma das primeiras de hoje.
Ontem, ao zappar e ao zarpar para o leito, apanhei uns farrapos do célebre Living with Michael Jackson, documentário/entrevista de 2003 do jornalista britânico Martin Bashir apontado como tão implacável que tem sido acusado de ter matado o cantor.
Já não me lembrava da passagem que revi ontem e com ela me calo sobre essa estranha forma de vida.
Depois de vermos o cantor comprar 80% do conteúdo de uma loja de mobiliário e de objectos de decoração, qual deles o mais provocador de pesadelos até à quinta geração, Martin Bashin consegue que Jackson fale sobre o nascimento dos filhos. E é aterrador o que ele diz. Quando nasceu o primeiro, Prince, esteve cinco horas à espera que lho devolvessem, depois de ter assistido ao parto, porque a criança tinha a cabeça muito grande e esteve sob observação e sujeita a exames médicos. Finda a espera, ele, pai, pegou no bebé e levou-o para casa. Assim, bora lá que se faz tarde e o resto não interessa nada.
Quando nasceu o segundo, Paris, a menina, Jackson cortou o cordão umbilical e saiu de imediato para casa com a placenta ainda a envolvê-la! Nem no curral de Belém, se devem ter desrespeitado tantas regras de saúde pública! Diz MJ, perante o espanto de Bashir, que fez tudo isto com a permissão dos médicos e com plena concordância da mãe, Debbie, porque todos sabiam que ele estava muito impaciente. Confirma que a mãe ficou no hospital e quando questionado sobre o assunto, responde impávido que “não sabe tecnicamente quanto tempo a mãe viu a filha depois de nascer!” Tecnicamente não sabe. Tecnicamente este homem casou com uma incubadora – o que também não é único no mundo.
Tecnicamente as crianças em Los Angeles estão menos protegidas do que na nossas maternidades mais decrépitas.
Curiosamente, vejo de manhã no caminho para o trabalho, junto ao meu centro de saúde, um outdoor anunciando a Semana do Aleitamento Materno. E pensei: ora aí está algo tão básico e que, no entanto, os filhos de Michael Jackson desconhecem. Além de serem pendurados à janela e só saírem à rua de máscara, não tiveram direito à maminha da mamã. Agora, só se se inscreverem como congressistas na Semana do Aleitamento Materno. E só para sessões teóricas. Mesmo para as teórico-práticas, suponho que seja tarde demais.
Donde se vê que o nosso Serviço Nacional de Saúde bate aos pontos MJ e toda a sua fortuna paranóica.
O meu filho tem razão: ele já estava mais parecido com o Tutankamon do que ele mesmo julgava.
E repararam que a filha, Paris, já pode tirar os véus agora que o pai morreu?
Mas isso acontece a muitos mais por esse mundo fora. E nas melhores famílias.
Era só isto que eu queria dizer:
— devemos estimar o nosso Serviço Nacional de Saúde;
— Michael Jackson era incompatível com o SNS. Com o nosso ou com qualquer um outro.
Já sei que esta estação é parva.
Es lo que hay.
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