12 de dezembro de 2009

tropicalismo camoniano


Eu queria querer-te amar o amor
Construir-nos dulcíssima prisão
Encontrar a mais justa adequação
Tudo métrica e rima e nunca dor
Mas a vida é real e de viés
E vê só que cilada o amor me armou
Eu te quero (e não queres) como sou
Não te quero (e não queres) como és

Ah! bruta flor do querer
Ah! bruta flor, bruta flor
[...]
O quereres e o estares sempre a fim
Do que em mim é de mim tão desigual
Faz-me querer-te bem, querer-te mal
Bem a ti, mal ao quereres assim
Infinitivamente pessoal
E eu querendo querer-te sem ter fim
E, querendo-te, aprender o total
Do querer que há e do que não há em mim

Caetano Veloso, 1984.
(Não resisto a transcrever as passagens mais camonianas do poema)

Estou presa no meu escritório com todas as dificuldades, alçapões e barreiras possíveis da língua portuguesa.
Calha a todos. Até ao Chico Buarque.
Não há muita gente que tenha um dicionário na família - e um GRANDE dicionário.
E mesmo esses tropeçam, entopem e gaguejam.

Vou continuar.
Acreditem que também eu estou dando tudo de mim.

Bem, quase tudo.

1 comentário:

henedina disse...

"E eu querendo querer-te sem ter fim".
"E é amar-te, perdidamente".

Dicionário electrónico chamado "neurónio".

O orgão sexual por excelência, o cérebro.